Comprometimento e Exemplo dos Pais: 2ª Parte
O Que os filhos esperam dos Pais
A ADOLESCÊNCIA (DOS 13 AOS 18 ANOS)
Na primeira parte falamos da existência de uma fase de transição entre a infância e a adolescência: a pré-adolescência. Como nesta fase existem características tanto da infância como da adolescência, não abordaremos em tópico separado. No decorrer do presente tema iremos mostrando uma ou outra característica importante.
Uma nova etapa para todos
Com efeito, a adolescência cria uma nova etapa para todos os membros da família. É uma tremenda novidade para o jovem, um grande susto para os pais, e o inicio de conflitos para os filhos mais novos e mais velhos. Muitas transformações ocorrem no interior do jovem que o leva a um período de sensibilidade emocional, de ridículo, de confusão, etc e tal. É a etapa mais completa e desafiante, frustrante e fascinante do desenvolvimento humano.
A melhor forma de enfrentarmos estas novidades é se esforçando para lembrar o que ocorreu em, nossas vidas, como foi que agimos e reagimos, o gostávamos e o que detestávamos. Diante destas lembranças, coloquemo-nos nas mãos do Senhor e, dependendo d’Ele, imaginemos como deveríamos agir como nossos filhos. Acredito que todos os pais crescerão muito em criatividade e comunhão com o Senhor nestes dias. Isto será ótimo!
Quero lembrar a vocês que, assim como na infância, os pais são os únicos responsáveis pela a educação dos filhos pequenos, na adolescência ainda mais. Não pensem que só porque deixaram de serem uns filhotinhos, que não dependem mais de nós. Isto não é verdade.
São essenciais todas as atitudes que os pais tomam para que o adolescente venha a definir que padrão quer seguir na vida. É nesta idade que fazem, em seu foro mais íntimo, a definição de tudo que serão na vida: se independentes e rebeldes, ou se discípulos. E ainda optarão por darem tudo a Deus ou pela mediocridade. E também sua identidade sexual.
Pais, EM TUDO somos exemplos para nossos filhos.
Como temos sido para nossos filhos?
Somos exemplos? Ou precisamos que outros sejam exemplos por nós?
Como está o seu coração para com seu filho?
Você já se converteu a seu filho?
… para converter os corações dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado. Lc 1.17.
Os mesmos temas que abordamos sobre a infância, trataremos sobre a adolescência, só que dentro da realidade deles. Quero ressalvar, de novo, que as particularidades cada um, devemos observar e guardar em nossos corações. Aqui trataremos o geral. É importante observarem que todos os comentários anteriores devem ser somados a estas novas informações. Nada é estanque na vida de um ser humano.
Necessidade básica: participação
Quando a criança começa a entrar na adolescência, suas necessidades básicas começam a mudar um pouco. Ele continua com todo o desejo de aceitação. Sendo que, agora, soma cada vez mais a necessidade de participação. E isto se mostra de uma forma extremamente forte. Ele quer participar. Ele precisa participar. Ele tem que participar. E ele deve participar de tudo que for possível.
Esta necessidade será tão forte que influenciará muitas outras características do jovem adolescente.
Gostaria que vocês notassem que por eles estarem impregnados desta vontade de participarem de tudo, os adolescentes ficarão em volta dos adultos ouvindo o que eles falam sem nem mesmo entenderem o que estão dizendo. Eles têm que participar. Farão perguntas, por vezes tolas, ouvirão as respostas atentos, tentarão entender, se forçarão para acompanhar tudo mesmo que, nada ou quase nada entendam. Mas ficarão satisfeitos se puderem participar. Isto faz parte da formação da vida destes futuros-adultos.
Acredito que este é o nosso maior susto. Os nossos pequeninos, fofinhos que sempre alegrava toda a casa, agora querem ser adultos. Agora têm opiniões próprias. Agora querem falar e serem ouvidos. E fazem questão disso. Só que paralelo a isso, são crianças muitas horas. Gostam de brincar, se divertir e agirem como crianças.
Como é que nós pais podemos cooperar com nossos jovens filhos a satisfazer suas necessidades? O que é que vocês pais estão fazendo para suprirem esta tão forte necessidade de seus filhos?
Vejamos algumas sugestões:
- No lar
Sempre que puder faça com que seu filho participe das atividades, decisões, momentos importantes da casa, do lar. As atividades fará com que ele veja como os adultos estão agindo, observará as ações e reações dos adultos, em especial as dos pais. Isto dará base para as ações e reações dele próprio. Participando das decisões ajudará a amadurecê-lo, ele poderá aprender muitas coisas da vida que ninguém se lembraria de ensinar. - Na igreja
Com toda esta força para participar, ele descobrirá grupos com quem se identificar. Nada melhor que a igreja para isso. O grupo de jovens que sai para evangelizar, para papear, para orar, para cantar, etc… Para os jovens não faz muita diferença a ordem das coisas nem mesmo a prioridade. Querem participar. É importante participar, portanto cabe aos pais abrirem este espaço para eles. Não é só o grupo caseiro, é tudo. Sempre que puderem deixem ir a essas atividades. E, sempre que puderem vocês devem ir também as mesmas atividades. Eles não terão problemas com a presença de seus amigos, os pais. - Em diversas coisas
Quando o adolescente está ocupado, não tem tempo para pensar em besteira. O adágio popular é verdadeiro: “Mente vazia, oficina do diabo”. Portanto, fazerem esportes (de todo tipo), estudarem música, fazerem cursinhos1 diversos (informática, matemática, mecânica, cozinha, congelamento, costura, panificação, etc…) é muito bom para a ânsia de participarem de algo.
Além de estudos, existe a possibilidade de servirem ao próximo em muitas coisas, como pequenos trabalhos, e tarefas que podem ser remunerados, bem como assistência social a necessitados. Tudo é válido para eles desde que desafiados e com o controle das prioridades.
Outras necessidades importantes
- Produzir algo
Os adolescentes sentem grande desejo de produzirem algo. De verem realizar algo. Lógico que dificilmente pensarão na escola, visto que os resultados só verão no futuro. Produzir algo deles, para eles ou para os outros – isto não é o mais importante, eles têm que produzir algo. Cabe a nós pais ajudarmos a eles nesta empreitada, abrindo espaço, sugerindo coisas, socorrendo em suas ideias. Os cursinho, de curta duração darão uma possibilidade de verem seus objetivos alcançados. - Fidelidade
Não tem nada mais forte para eles que a fidelidade. Sofrem quando se sentem traídos por alguém, e muito mais se forem seus pais ou seus amigos. Quando lhe contarem algo íntimo, do seu coração, devemos guardar segredo. Não devemos sair espalhando, como se fossemos bobos alegres. Eles são nossos filhos, e devemos respeito a eles.
Por favor, papais e mamães, não precisam sair contando o amadurecimento sexual de seus filhos (pelinhos aqui, menstruação ali). Isto pertence à intimidade do lar, dos filhos e dos pais. Não pertence a boca do povo. Todos sabem que a qualquer tempo a menina começará as suas regras (para ela é algo importante, mas só para ela). Podem ter absoluta certeza que eles irão checar se vocês estão sendo ou não fieis.
Quanto mais fieis forem a seus filhos mais eles serão seus amigos e contaram tudo para vocês. Eles precisam confiar em vocês, eles querem confiar em seus pais, que podem ser seus amigos também. E amigos para toda a vida.
O medo
Existe um grande medo em praticamente todos os adolescentes: o medo de errar, de passar vergonha, de pagar mico. Isto é tão forte que por vezes nem entre si mesmos têm coragem de começar uma nova amizade. Lógico que isto não se refere a todos, mas a maioria. Eles são tímidos. E essa timidez parte vem do seu desenvolvimento hormonal. Ora estão bem, ora estão mal. Um dia acordam felizes noutro irritados e tristes. E raramente entendem o porquê.
Isto gera uma grande insegurança neles. Não querem errar, pois desejam ser aceitos. Não querem errar, pois querem participar de tudo. A grande competição dos dias atuais gera também medo de errarem e não serem achados “espertos”, inteligentes ou até mesmo “vivos”.
Como devemos agir diante deste medo? De uma forma simples. Toda vez que ele errar algo, não ridicularizá-lo. Toda vez que a voz do rapaz falhar não chamá-lo de menininha. Se ele brincar consigo mesmo, ele o fez, não nós. O respeito pelo jovem, a aceitação plena e a participação vão criando nele confiança em si mesmo. Vai estimulando a sua autoestima.
O que deve ser tratado: a alma
Uma vez que o espírito de jovem já foi quebrantado, agora chega a hora de sua alma. É um grande desafio para ele. Viver no mundo de hoje onde a sexualidade é tão gritante e apelante, não será fácil para o adolescente cristão, para o discípulo. Mas, com absoluta convicção, se o jovem adolescente entender a santidade, ele entrará na fase adulta com maior facilidade de domínio próprio.
Temos que mostrar e deixar bem claro que o Senhor nos chamou para a santidade. Tudo que o mundo apresenta não vem de Deus.
Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém que faz a vontade de Deus permanece eternamente. 1Jo 15-17.
Novamente aqui temos que ser o espelho para nossos filhos. Temos que ser coerente do que falamos com o que vivemos. Como podemos cobrar santidade se colocamos imundície diante de nossos olhos? Como falaremos de algo que permitimos para nós? Eles não podem ver algo na televisão ou cinema por que tem cenas fortes. Mas nós podemos, afinal de contas já somos casados. E o adultério? E a fornicação? E a maldade? Quero voltar ao texto já lido:
Não porei cousa injusta diante dos meus olhos; aborreço o proceder daqueles que se desviam… Sl 101.3
Clamo aos pais pela coerência! Clamo aos pais pelos seus filhos! Desafiem a si mesmos e aos seus filhos. Busquem a real santidade no Senhor.
O que devemos ministrar
Diante do que falamos acima só nos resta ministrar sobre a cruz. Existe maior desafio que este? Tomar a cruz? Viver a plenitude o Evangelho do Reino. O adolescente tem que entender que o lugar nosso é na cruz, e que um morto não têm direitos. Bem, o discípulo crucificado só tem um direito: o de abrir mão de seus direitos. Isto é algo que deverão aprender.
E uma das melhores formas de mostrarmos isso a eles é mostrando a Jesus-Herói. Aquele que a si mesmo se entregou na cruz, não foi empurrado nem obrigado. Ele deu sua vida voluntariamente na cruz. Este é o maior de todos os desafios que um adolescente pode ter:
Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus que apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação de vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Rom 12.1-2.
A Responsabilidade Dos Pais
Foi lendo a palavra que me saltou aos olhos a responsabilidade dos pais. E é impressionante, que exatamente porque os infantos e os adolescentes, que não têm visão objetiva duradoura. Os objetivos para eles são imediatos para as crianças, e curtos para os adolescentes. Mas é diferente para os pais. Estes vêm a longa distância. Estes podem e devem colocar alvos duradouros para seus filhos (bem como para si mesmos).
Herança do Senhor são os filhos; o fruto do Ventre seu galardão. Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. Feliz o homem que enche deles a sua aljava: não será envergonhado, quando pleitear com os inimigos à porta. Sal 127:3-5.
Pais prestem bem atenção. Vocês são comparados pelas escrituras como guerreiros. Seus filhos como flechas. Para que serve um guerreiro? Para brincar? Para passear? Não! Um guerreiro serve para guerrear. É habilitado para isso. É capacitado para isso. É separado para isso. Você pai foi habilitado, capacitado e separado exatamente para manejar com a flecha. Você é um guerreiro.
A flecha por sua vez não é capaz de nada sozinha. A flecha não chegará a lugar nenhum se não ordenado. Ele é flecha e não guerreira.
Nós temos a obrigação de arquear e arremeter as nossas flechas. Elas não são de brinquedo. Agora quem vai dar a direção é você. Quem vai prepará-la é você. Quem vai armá-la é você. Você é o responsável. Você precisa depender de Deus para saber o momento de largar a flecha no seu caminho próprio. Não pode largar antes nem depois do tempo. Tem que largar no tempo certo. Enquanto a flecha está em suas mãos você poderá influenciá-la, poderá mandar nela, poderá protegê-la, cuidar dela. Todavia no momento em que ela partir fugirá do teu domínio. Só lhe restará interceder e suplicar por ela. Poderá dar conselhos, opiniões, mas nada mais que isso. Ela se foi. Os filhos nos são emprestados por Deus.
As flechas um dia sairão de nossas mãos, mas seguirão o caminho que lhe ensinamos. Seguirão aquilo que tiverem aprendido de nós.
Ensina a criança, a flecha, o caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele. Pv 22.6.
O que você guerreiro tem feito por suas flechas? Quanto você tem gasto por elas? O futuro de seus filhos está totalmente em suas mãos. Grande responsabilidade o Senhor nos delegou.
O que os filhos esperam dos pais
Por fim, acredito, que para entendermos melhor a nossa responsabilidade, poderemos ver, ou imaginar, o que nossos filhos esperam de nós. São coisas simples e provavelmente já teremos mencionado. Mas coloco aqui para reforçar a nossa tarefa.
Uma família modelo
Não digo uma família ideal porque pode oscilar de acordo com o seu sonho: se riqueza, ou status, ou comercio, ou etc. Refiro-me a um modelo: Jose, Maria e Jesus. Estes não coincidem com nenhum ideal conhecido: não tinham bens nem projeção social. Viveram como peregrinos, o filho teve a pior morte da época, a mãe foi cuidada por um jovem pescador. Mas é modelo porque cada um dos seus membros cumpriu absoluta e generosamente a vontade de Deus. Aí está o que é decisivo: cumprir em tudo a vontade de Deus. A família é de responsabilidade de cada um dos seus membros.
1. Amizade
Com frequência no ambiente familiar os pais são pais de manhã até a manhã seguinte todos os dias. Só sabem dar ordens, conselhos e repreensões. Mas é muito importante os intervalos de camaradagem, de brincadeiras de descontração só com os do lar. Isso fará com todos sejam iguais, Sejam irmãos. Os pais, irmãos mais velhos, a quem Deus confiou irmãos mais novos, os filhos.
É importante conquistar uma igualdade, a igualdade própria dos amigos, que podem ser muito diferentes em capacidade ou idade, mas são iguais em interesses e gostos. Por isso melhor é não usar a palavra vocês no trato com os filhos. Vocês não existe. Existe sim cada um de per si, com seu nome, temperamento, história, personalidade, responsabilidade, e etc. Dizendo vocês no plural é pôr-se de fora, em outra esfera e mundo: o dos velhos. Não generalize.
2. Lar estável
Estável e coerente para que possam crescer com dignidade e segurança. Isto é uma benção. Uma coluna na igreja de Cristo. Não é ter um emprego público, “estável”.
2. Respeito
Respeito não significa cerimônia. Respeito é um espírito de justiça. Quando há erro os filhos esperam ser corrigidos. Quando há acertos os mesmos filhos esperam ser aprovados. O mesmo com os pais.
3. Confiança
Quando se confia em um filho, este sente-se obrigado a corresponder a esta confiança. Agora, se não há confiança não tem o que ser correspondido, não há respeito. Havendo confiança tudo pode se corrigir com amabilidade. Em vez de dizer: “Você é sempre assim!” Anima muito mais, e é mais justo corrigir dizendo: “Isso não é próprio de você!”.
4. Verdade
Falar sempre a verdade. A tudo quanto perguntarem, a tudo quanto estiver ocorrendo no ambiente familiar. Eles querem tomar as cargas juntos. Não são mais crianças.
5. Liberdade
Ai! Isto assusta. Mas a regra da liberdade é simples: só se pode proibir o mal; não se deve impedir nenhum bem. Ora, não confunda o mal com aquilo que o incomoda. Fujamos dessa confusão. O barulho do rapaz em torcer por seu time. A ridícula roupa que a menina veste (sem que haja indecência).
Liberdade, liberdade! Para tudo o que é honesto, viva a liberdade! Pareça bonito ou feio, nobre ou ridículo.
6. Dinheiro
Sempre é pouco, querem mais e muito mais! Cada pai deve saber administrar com o dinheiro dentro de sua realidade. Não os façam de bobos, se a situação está apertada e difícil conversem com eles. Agora, mesmo que a sua situação seja mais folgada, cuide para que não estrague seu filho. Eles devem aprender a viver felizes e contentes em todas as ocasiões. Devemos em todos os casos ensinar-lhes a generosidade e dependência do Pai, orando sempre.
7. Exemplo
A teoria exposta em sermões para pouco serve. O exemplo marca para sempre. Contradições patentes revolta-os, escandaliza-os, tornando-os céticos e surdos aos conselhos paternos e a vida com Deus.
8. Compreensão
Não apenas paciência ou tolerância. Desejam ser entendidos. Algumas vezes vocês terão que adivinhar o que está dentro deles, tendo em conta os seus sonhos e temperamento. Vocês terão que animá-los, avisá-los, orientá-los, respeitá-los e não substituí-los. Assim se sentirão compreendidos e crescerão em responsabilidade.
9. Alegria
Quem suporta viver em um ambiente triste e chato. O jovem é alegre por natureza. Deus o fez assim. Você já foi um dia alegre, também. Rejuvenesça! Abaixo a tristeza. Viva a alegria. A vida com o Senhor é um caminho de alegria, mesmo dentro do sofrimento.
“… a alegria do SENHOR é a vossa força.” Neem. 8:10.
10. Oração
A oração de pai e mãe é poderosa. Poderosa, porque o próprio Senhor foi quem nos delegou como responsáveis sobre nossos filhos. Ele deixou conosco os seus filhos. Logo tudo que pedirmos ao Pai, no nome de Jesus, para os seus filhos e nossas flechas, ele atenderá. É do interesse do Senhor.
“… Nada tendes, porque não pedis; 3 pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.” Tg 4:2-3