Comprometimento e Exemplo dos Pais: 1ª Parte
O Que os filhos esperam dos Pais.
Quando uma criança nasce ficamos todos muitos felizes. A alegria dos pais é tão grande que não se dão conta que desde aquele momento começam a ensinar ao filho recém-nascido. Todo o tempo da vida de um filho é de aprendizado. Quer os pais estejam conscientes ou não, estamos sempre ensinando aos nossos filhos. Não é por pouco que o Senhor nos diz:
Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força. Estas palavras que hoje te ordeno, estarão em teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitas-te e ao levantar-te; Também as atarás como sinal na tua mão e te serão por frontal entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas Dt 6.4-9
Nós pais temos uma responsabilidade total, geral e absoluta sobre a vida de nossos filhos. Lembre-se que tudo que estivermos fazendo em nossas vidas diárias, estaremos ensinando aos nossos filhos. Se vida, vida; se desobediência, desobediência; se alegria, alegria; se murmuração, murmuração!
O que vocês estão fazendo com seus filhos?
Como vocês estão se comportando com eles?
Gostaria que gastássemos um bom tempo refletindo sobre nossas vidas em relação aos nossos filhos. Temos que pedir a Deus, constantemente, que nos oriente e nos dê clareza sobre nossas vidas.
A INFÂNCIA (do nascimento aos 10 ou 12 anos)
Uma observação importante. Seria mais correto a apresentação da infância dividida em duas partes. A 1ª infância que compreende do nascimento até aos 5 anos, período onde praticamente não há socialização do menor. E a outra parte que compreende a 2ª e 3ª infância, abrangendo dos 6 até aos 12 anos, sendo que aqui estaria incluída uma fase de transição. Estas duas etapas têm características diferentes, sendo que, no todo das orientações, são praticamente as mesmas.
- A formação de nossos filhos
Toda criança quando nasce, nasce com muitas informações já definidas dentro dela mesma. Suas características hereditárias já foram bem definidas. Não podemos mudar os genes de uma criança, de um ser que Deus criou a sua imagem e semelhança. Mas podemos influenciar e devemos influenciar nossos filhos. Até aos 5 anos a personalidade da criança será formada. E cabe aos pais a responsabilidade de fazer isto. Deus não delegou a ninguém mais. É você, pai, e mãe os únicos responsáveis pela formação de seus filhos. Assim como um recém-convertido é fundamentado no Senhor, nossos filhos devem ser fundamentados no caminho em que devem andar, conforme nos ensina Provérbios 22.6.
Não estou me referindo à informação que seus filhos devem ter. Estou falando da formação. Os livros e a escola irão ajudar a informar. Todavia, o caráter será formado pela vida direta e indireta dos pais.
É tremendamente perigoso sermos levianos com esta responsabilidade que o Senhor nos delegou. Nossos filhos foram separados por Deus para aprenderem a vida conosco.
- O que você tem feito?
- Como você tem agido?
- A tua vida tem conduzido seus filhos ao Senhorio de Cristo?
- Você tem sido exemplo para seus filhos?
Lembre-se constantemente que não é possível transferirmos nossa responsabilidade de formar a vida de nossos filhos nem para a escola, nem para nenhum líder ou pastor, nem para a vovó e nem para a babá. Ninguém, absolutamente ninguém pode substituir a responsabilidade que Deus delegou aos pais.
Eu sou o ÚNICO responsável por EDUCAR e SEMPRE ORAR por meus filhos.
Necessidade básica: Aceitação
Como qualquer pessoa as crianças nascem com todas as necessidades básicas de um ser humano. Todavia, neste período de suas vidas a que mais precisa ser atendida é a Necessidade de Aceitação.
No infante isto é extremamente forte. Chega ao ponto que várias vezes ouvimos os pais dizerem que os filhos só estão fazendo isto ou aquilo para chamarem a atenção, e algumas vezes isto é dito com repreensões. Não quero aqui analisar os detalhes de uma ou de outra situação. O que quero mostrar-lhes é que a criança deseja muito e fortemente sentir-se aceita. E cabe a nós, pais, providenciar-lhes o suprimento desta necessidade tão básica para qualquer um. Nós temos que estar constantemente fazendo com que a criança sinta-se aceita, amada, estimada. Como fazemos isto?
Declarar o nosso amor
Em primeiro lugar devemos com muita, muita frequência mesmo declarar o nosso amor por elas. Quem não gosta de saber que é amado? Quem não gosta de ouvir com frequência que somos estimados e queridos? Não pense que, por que a criança ainda não fala, não sabe se expressar, que ela não precisa ouvir isto. Não é verdade. Desde o nascimento até o sepultamento todos gostam de ouvir que são amados e queridos. Declarem o amor de vocês pelos seus filhos. Mandem bilhetes, deixem recados, façam surpresas, deem presentes fora de épocas.
Sejam criativos em declarar o carinho e o amor de vocês.
A mensagem que ouviste desde o princípio é esta, que nos amemos uns aos outros. Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e verdade. Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. 1Jo 3.11,18;4.7.
Eu amo meu filho não porque ele faz coisas certinhas; eu o amo porque ele é um presente de Deus para mim, porque ele também é amado de meu Pai Celeste.
Dar o máximo de atenção
Depois disto, devemos dar o máximo de atenção que for possível a eles. Agora é realmente importante você dar atenção. Muitas vezes nos irritamos com uma insistência dos filhos, que nos chama e chama por várias vezes até ser atendido. Isto não só irrita a nós como também aos nossos filhos. Dar atenção é ouvir, ver, observar e deixar claro para eles que você está fazendo isto, e que isto não é uma tortura para você.
Bem sabemos que algumas vezes não temos condições de ceder um tempo maior aos filhos, mas devemos ter em mente que o melhor não é necessariamente a quantidade de tempo que damos. O melhor é a qualidade de tempo dado e gasto com os filhos.
Participar de seu mundo
Acrescento a isto, o participar de seu mundo tão pequeno e tão importante para ele. A esfera de fantasia das crianças é muito importante para elas. Por isso todos nós como pais devemos aceitar e também viver dentro desta esfera. Deus criou as crianças com uma realidade bem diferente do adulto e devemos respeitar. É criação de Deus. São os seus sonhos, suas fantasias, suas brincadeiras. Tudo isto além de ser brincadeira, faz parte da formação da vida o infante. Quando nós participamos desta “realidade infantil” estamos cooperando para que eles se sintam cada vez mais aceitos.
Disciplinando nossos filhos
Não podemos esquecer que toda vez que disciplinamos nossos filhos no padrão do Senhor, estamos incutindo-lhes a nossa aceitação a eles. Como? Com a correção.
“Deus vos trata como a filhos; pois que filho há a quem o pai não corrige?” (Hb 12.7).
Todo filho, por menor que seja, sabe que precisa aprender muitas coisas e sabe também que a correção, a vara, lhe ensinará muitas coisas.
A disciplina da maneira correta deixará a criança feliz, segura e aceita por seus pais. Por quê? Porque houve explicação, não fica em confusão. Porque houve a vara, a justiça foi aplicada. Porque houve oração, confissão de pecados e perdão. Porque houve abraços e beijos, declaração de que não ficamos com problemas, de que a criança é aceita e que tudo ficou esquecido. Cuidado: não é só na hora da disciplina que abraçamos e beijamos nossos filhos, para que eles não venham a desobedecer só por ter saudade dos beijos e abraços.
Quem retém a vara aborrece a seu filho, mas o que ama cedo disciplina. Pv 13.24.
Não retires da criança a disciplina, pois se a fustigares com a vara, não morrerás. Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno. Pv 23.13-14.
Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e, sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente; disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se ele dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele, para cumprirem a sua verdade. 2Tm 2.24-26.
Agora, se nós disciplinamos nossos filhos quando estão desobedecendo ou fazendo algo errado, temos também de elogiar quando obedecem e fazem algo certo. A maior parte do tempo estamos dizendo não às crianças, até colocarmos os limites certos. Todavia, temos que também elogiar e encorajar em tudo que eles fazem: as brincadeiras, as aventuras, os deveres de casa e da escola, quando estão sendo obedientes, quando estão certos. Elogiar não faz mal a ninguém, pelo contrário, reforça sua aceitação, sua autoimagem e seu caráter. Mas elogios sinceros, verdadeiros.
Paciência para ouvir
Quero lembrar-lhes, ainda, que a criança nesta fase vive num monólogo. Tudo gira em seu mundo e de acordo com o que entende. Não digo que a criança não goste de conversar. Ela gosta e muito de falar e falar, contar estórias, casos, rir, se divertir. Ela só não sabe dialogar. Temos que ter paciência para ouvi-la e conversar com ela. Uma das formas mais claras de aceitação é ouvindo suas intermináveis e enroladas estórias.
E você também poderá e deverá contar as estórias de sua vida, aquelas que você inventa e cria e, sobretudo, as histórias bíblicas. Ouvir e contar é muito bom para se estabelecer a aceitação.
Quando uma criança não se sente aceita tem um sentimento, também forte, de rejeição. Não existe ninguém que goste de sentir rejeição. Muito menos um pequeno ser que não sabe expressar-se. Terrível coisa é sentir-se rejeitado. Começa querendo aparecer. Esforça-se para que os outros o aceitem. Sente-se depreciado. Sua autoimagem é negativa. E começam acumular problemas que na adolescência irão aflorar de uma forma turbulenta de rejeição e rebelião.
Aos pais, cabe levar os nossos filhos dentro do temor do Senhor, deixando claro para eles toda a nossa aceitação. Lembrar-lhes que, qualquer um de nós que rejeita a um filho, uma criança (ou mesmo um adulto), não estamos só rejeitando a este. Pois, quando Jesus na cruz aceitou você, aceitou também o seu filho. Assim, quando rejeitamos um filho, ou qualquer pessoa, rejeitamos diretamente o Senhor.
De que modo podemos estar rejeitando um filho? Quando não estamos fazendo o que ficou anteriormente demonstrado.
Com toda certeza eu ficaria mais tranquilo se notasse em vocês uma inquietude diante da formação de seus filhos. É quando estamos inquietos e desconfiados de nós mesmos que buscamos a Deus e o conselho de outros irmãos.
O que deve ser tratado: o espírito
Paralelo a isto – a Necessidade Básica de Aceitação, eu devo cooperar com Deus para a formação do meu filho. Ele precisará aprender a obedecer. E isto só é possível através do sofrimento. A vara é um caminho, mas não é tudo. A vara deve sempre estar sendo usada na dependência do Espírito Santo. Sempre devemos buscar o Pai para tudo que fazemos, muito mais para a formação de uma vida tão pequena e tão preciosa para o Senhor. Devemos ter uma dependência absoluta do Pai, em tudo.
A criança precisa ter o seu espírito quebrantado. O seu pequenino coração está impregnado de rebelião, de independência e precisa desesperadamente de ajuda. A criança não sabe disso. Muitas vezes nem os próprios pais sabem disso ou não aceitam isso. Mas a criança precisa ter seu espírito quebrantado.
A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina afastará dela. Pv 22.15.
Papai, mamãe, a vara realmente não é tudo! Vocês precisam ter coerência na disciplina. Quando determinarem alguma coisa, deverão cumprir. Não adianta disciplinar agora e mais adiante por qualquer motivo não fazê-lo. A constância na disciplina ajudará ao quebrantamento dos pequeninos.
Pais, não provoqueis vossos filhos a ira, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor (Ef 6.4).
Pais, vocês precisam ser coerentes. Vocês sabem o que isto significa? Do dicionário temos: coerente é aquele “em que há coesão, que procede com coerência, consequente. Harmonia, concordância, unidade” (Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda). Olhem o que temos que fazer:
- Crer que o Criador de todas as coisas sabe o que é melhor para nós e nossos filhos;
- Obedecer-lhe fielmente, educando os filhos na disciplina e admoestação do Senhor;
- Priorizarmos a vida de nossos filhos, não deixarmos para quando tivermos tempo, ou quando estivermos descansados;
- Disciplinarmos a nós mesmos;
- Perseverarmos naquilo em que foi proposto, sendo coerente em tudo o que for decidido;
- Tudo isso em harmonia e unidade o pai com a mãe e vice-versa. Cabe aqui uma nota: quando temos um dos cônjuges incrédulos e (ou) em desacordo com aquilo que cremos, melhor será não agirmos até total concordância. A desavença entre os pais é pior que a não disciplina.
Procedendo assim, orando em todo tempo, com súplicas e ações de graças, com toda certeza que estaremos fazendo a nossa parte e preparando nossos filhos para o que vem pela frente: A Vida.
O que devemos ministrar
Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele. Pv 22.6.
Tudo deve ser ministrado pelos pais aos filhos. Sendo que o enfoque deve ser em Jesus-Pai. Nessa etapa da vida o infante vê o pai e a mãe por quase todo o tempo. Seu ponto de referência são seus pais. Por isso devemos utilizar disto para apresentarmos Deus como o Pai, como o Criador, como O Senhor, como o Soberano, como o Salvador.
Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! Romanos 11:36
O Pai que só tem o melhor para os seus filhos.
Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. Jr 29:11
Nesse período é que a criança aprenderá a orar, louvar em toda e qualquer ocasião. Como? Vendo os pais fazerem isto, dando exemplo e compartilhando, isso é, sendo orientados a fazerem o mesmo.
A criança que nasce ouvindo falar de unidade desde cedo saberá que a igreja é uma só. Com mais facilidade será tratada do partidarismo. Como? Porque a sua família é uma. Todavia se estiver em uma família quebrada, aprenderá que o Senhor quer é uma só família.
Nós devemos estar preparando nossos filhos para conversão desde cedo. Eles aprenderão o que é arrependimento, batismo, dom do Espírito Santo não porque estamos falando e falando. Aprendem por estarem vendo isso na vida normal da igreja, na vida normal do lar, na vida normal do discipulado. Não estou dizendo que não podemos ensinar-lhes todas estas coisas. Estou falando que, vivenciando isso na vida de seus pais, aprenderão com muita naturalidade. Assim, no tempo adequado, eles pedirão para ser batizados. Aí, explicaremos tudo novamente.
Uma vida normal, com uma instrução clara em nosso meio atual significa:
- Como aplicar na prática os ensinos evangélicos na vida cotidiana;
- Como relacionar-se com Deus (oração, leitura, memorização, louvor, cultos);
- Como estudar e trabalhar com responsabilidade. Desenvolver uma vocação;
- Como conviver em diferentes meios sem perder a identidade ou ceder em suas convicções;
- Como suportar as injustiças e começar a combatê-las sem ira e com ações de graças;
- Como começar a decidir sozinho e bem, preparando-se para a futura vida de adulto. Isto não significa desautorizar a orientação dos maiores e, sim, a correta assimilação da mesma para proceder em suas ações.
Perigos que afetam uma correta formação
Em ordem de importância, temos:
- Um ambiente familiar contraditório e ou conflitivo;
- A excessiva liberdade no uso do tempo livre;
- O não envolvimento da família na vida da igreja (discipulado, grupo caseiros, culto, saídas às ruas, retiros…);
- A superproteção que asfixia, inibe, dá insegurança em todas as áreas, empobrece a autoimagem e favorece o desenvolvimento de complexos.
- A tirania da criança causada por desacordos entre o casal e por falta de princípios e hábitos bem definidos, um não uso correto da vara (este é consequência do primeiro);
- O sentimento de abandono e tristeza causados pela separação dos pais ou pelo ambiente de gritos, desacertos, falta de serenidade e paz no lar;
- A influência perniciosa da TV e internet (Is 33.14-15; Sl 101.3), que os excita, irrita e os faz violentos e agressivos ou apáticos, sem criatividade, sem intimidade com Deus.
Quero ressaltar o perigo que a escola exerce sobre nossos filhos. A influência vai desde o bombardeio didático velado sobre verdades bíblicas (como a criação, a evolução) até conceitos claros da existência de Deus, a concepção da família, o casamento, a disciplina e autoridade paterna e etc… Isto tudo pode ser derramado sobre as crianças que estão completamente abertas para o aprendizado de todas as coisas.
Além disso, existe no próprio ambiente escolar onde crianças de diversas formações têm procedimentos totalmente incorretos, tais como, o uso de linguagem obscena, brincadeiras violentas com agressões físicas, até o uso de tóxicos.
Diante de tudo isso é de vital importância que nós pais estejamos acompanhando tudo o que ocorre na escola. Não só por meio do diálogo com os filhos mas, também, com uma presença marcante em todas as reuniões de pais e mestres. E, lógico, sempre clamando a Deus por sua misericórdia e cobrindo em tudo os filhos, em oração.
Eu sou o ÚNICO responsável por EDUCAR e SEMPRE ORAR por meus filhos.